Cinco discos de rock que mudaram os anos 2000

Muito além da música, esses álbuns se destacaram em diversas áreas da cultura pop, deixando um legado imenso e influenciando o comportamento de toda uma geração.

Alexandre Aimbiré
6 min readSep 26, 2022

A segunda metade da década de 1990 viu o fim do Grunge e do Britpop, as principais vertentes do rock da época, e as coisas não pareciam nada bem para o gênero.

Depois de meio século e incontáveis subgêneros, parecia que finalmente o rock estava nos seus últimos dias. Porém, a primeira década do Século XXI viu um ressurgimento do rock, com bandas de diversos gêneros se destacando no cenário musical. Mas, muito além da música, essas bandas se destacaram em muitas outras áreas da cultura pop, deixando um legado imenso e influenciando o comportamento de toda uma geração.

Aqui estão listados cinco dos principais e mais influentes álbuns de rock dos anos 2000, que influenciaram e seguem influenciando os jovens de todas as idades.

The Strokes — Is This It

Talvez seja um exagero dizer que a banda nova iorquina The Strokes foi a banda mais influente da década, mas essa afirmação provavelmente é verdadeira.

Formada por jovens da elite de Nova Iorque, como o brasileiro Fabrizio Moretti, a banda trouxe o Rock Independente de volta ao olhar do público. Numa época em que as rádios de rock eram dominadas por bandas extremamente produzidas, os Strokes chegaram com uma sonoridade simples e garageira. Seu primeiro álbum, Is This It, fala de temas comuns à juventude das grandes cidades, como relacionamentos passageiros, drogas, a polícia e o caos da vida urbana.

Além da música, eles também ditaram a moda de uma geração. Com seus cabelos bagunçados, calças skinny, jaquetas de couro e tênis Converse, a estética de muitos foi influenciada diretamente pela banda. Qualquer coisa que eles vestissem ou falassem se tornava automaticamente cool.

Apesar de terem mudado muito a sua sonoridade desde 2001, a banda influenciou e deu abertura para muitas outras, dando início a um ressurgimento do Rock Independente e ao Rock de Garagem.

Bandas como The Libertines, Franz Ferdinand, Interpol e Arctic Monkeys ou foram diretamente influenciadas pelos Strokes ou encontraram uma abertura no mercado fonográfico graças a eles.

My Chemical Romance — The Black Parade

Mais de quinze anos depois do auge e declínio do Emo, Gerard Way talvez seja mais conhecido pela série The Umbrella Academy, baseada na série de quadrinhos criada por ele. Mas muito antes disso ele era o vocalista principal e compositor da banda My Chemical Romance. A banda já estava consolidada e já havia gozado de um considerável sucesso comercial antes do lançamento de The Black Parade, em 2006, mas nada próximo do sucesso de crítica e público que este álbum proporcionou à banda.

The Black Parade continua sendo considerado um dos álbuns mais importantes do gênero. Com influências de bandas de Rock Clássico, como Queen e David Bowie, e inspirado no visual de Alice Cooper e Smashing Pumpkins, a banda compôs um álbum temático e uma referência visual extremamente marcante. O álbum consolidou a banda como uma das mais importantes do Emo e do Pop Punk, apesar de Gerard Way rechaçar esses rótulos.

O Emo sempre foi um gênero que sofreu muito preconceito dentro do meio do Rock. Com suas franjas compridas e roupas coloridas, muitas vezes os emos foram vítimas de xingamentos homofóbicos e lembrados por vídeos que viraram memes. Agora, no início desta terceira década do Século XXI, o Emo parece estar numa espécie de renascimento e muitos jovens que nasceram nos anos 2000 estão apreciando o gênero.

Green Day — American Idiot

A banda de pop punk californiana Green Day parecia estar esgotada na metade da primeira década deste século. Após o grande sucesso de álbuns como Dookie e Nimrod nos anos 1990, a banda lançou o irregular Warning em 2000 e as compilações International Superhits e Shenenigans em 2001 e 2002, respectivamente.

O Warning teve uma uma recepção morna, tanto da crítica quanto do público, especialmente em relação à faixa título. Apesar da alta rotação do videoclipe da música na MTV, muitos fãs antigos acusaram a banda de ter se vendido, querendo capitalizar o sucesso da acústica “Time of Your Life” e deixando o som mais pesado de lado.

Aí, em 2004, veio American Idiot como uma pedrada na orelha de todos os críticos. Ao contrário dos álbuns anteriores, com músicas sobre temas adolescentes, a banda amadureceu e entregou um álbum conceitual carregado de mensagens políticas e extremamente críticas ao status quo vigente nos Estados Unidos na época.

Com referências abertas ao 11 de Setembro, à Segunda Guerra do Golfo e ao Presidente George W. Bush, American Idiot traz de volta a sonoridade mais pesada e ágil pela qual a banda ficou conhecida. Uma verdadeira volta à forma para a banda.

Através da história de Jesus of Suburbia contada em American Idiot, o Green Day deu voz a uma geração e, principalmente, aos jovens de uma classe média suburbana que não se sentia representada por políticos velhos e ricos, mais interessados em petróleo e guerra do que no bem-estar da população.

Queens of the Stone Age — Songs for the Deaf

No final de 2002 e durante boa parte de 2003, era praticamente impossível sintonizar o rádio numa estação de Rock ou ligar a TV na MTV e não ouvir “No One Knows” da banda Queens of Stone Age. A faixa contava com Dave Grohl, ex-baterista do Nirvana e líder dos Foo Fighters, na bateria e foi o primeiro single do álbum Songs for the Deaf.

A banda liderada pelo guitarrista e compositor Josh Homme gozava de um relativo sucesso no circuito alternativo e este álbum os projetou para a grande mídia, tornando-a quase que instantaneamente uma das bandas de rock mais famosas e importantes do mundo.

O álbum leva o ouvinte numa viagem de carro de Los Angeles até Joshua Tree, no meio do deserto da Califórnia, simulando a passagem por estações de rádio e até com narração de locutores entre as faixas.

Boa parte do material que forma o álbum era de faixas retrabalhadas de outro projeto de homme, a Desert Sessions, e ainda conta com o hit “Go With the Flow”, cujo videoclipe foi indicado para várias categorias no VMA de 2003. Além de Grohl, o álbum ainda conta com participações do saudoso Mark Lanegan, vocalista da Screaming Trees, e do guitarrista Troy Van Leeuwen, que depois se tornaria membro da banda em tempo integral.

Diversas faixas do álbum estão entre as favoritas dos fãs e ele continua sendo considerado por muitos como o melhor da história da banda e um dos álbuns de rock mais importantes deste século.

Linkin Park — Meteora

Uma das únicas vertentes de rock que tinham espaço na grande mídia no início dos Anos 2000 era o Nu Metal. Misturando elementos do hip-hop e da música eletrônica com riffs típicos do Metal, bandas como Korn, Slipknot e Limp Bizkit encontraram sucesso nos anos 1990. O Nu Metal continuou com força na primeira década do novo século e novas bandas surgiram, entre elas Papa Roach, P.O.D. e o Linkin Park.

O primeiro álbum desta banda, Hybrid Theory, vendeu mais de 27 milhões de cópias, sendo um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos.

Um ano depois de lançar o álbum de remixes Reanimation, a banda lançou o álbum Meteora e consolidou sua reputação como uma das bandas mais importantes do gênero.

Com hits como “Numb”, “Faint”, “Somewhere I Belong” e “Breaking the Habit”, o Linkin Park continuou com seu estilo único, alternando os vocais marcantes de Chester Bennington com os raps de Mike Shinoda. As músicas combinam com sucesso uma sonoridade pesada e agressiva com temas como a depressão e o abandono.

Apesar do Nu Metal ter entrado em decadência, o Linkin Park prosseguiu, evoluindo seu som e lançou outros cinco álbuns, mas seus dois primeiros álbuns seguem sendo seus mais importantes. Tanto Hybrid Theory quanto Meteora figuram com frequência em listas feitas por publicações especializadas.

Considerada uma das mais importantes e influentes bandas do Século XXI, em 2012 se tornou a primeira banda de rock a atingir um bilhão de visualizações no YouTube. Porém, em 20 de Julho de 2017, o vocalista Chester Bennington cometeu suicídio, efetivamente selando o fim da banda. Sua morte ajudou a trazer conscientização a respeito da depressão, doença que afligiu Bennington durante toda sua vida.

Publicado originalmente em https://falauniversidades.com.br em 26 de setembro de 2022.

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Alexandre Aimbiré

Sociólogo de boteco, estudante de Letras, guitarrista ocasional, pai, marido e leitor ávido de caixas de sucrilhos. Leio e escrevo sobre o que me dá na telha.