The Jesus and Mary Chain no Tropical Butantã

Alexandre Aimbiré
3 min readJun 30, 2019

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A fila ao redor do Tropical Butantã denunciava a ansiedade de muitos para ver a banda escocesa The Jesus and Mary Chain. Apesar de muitas queixas quando o evento foi anunciado que o Popload deveria ter investido em trazer uma banda que ainda não veio ao Brasil, estávamos lá, aguardando ansiosamente pelos irmãos Reid. No dia ainda haviam ingressos para venda e eu suspeitava que não lotariam a casa. Quando vi que a fila estava dando a volta na casa e quase chegando nos fundos, na Avenida Vital Brasil, percebi que estava enganado.

O salão estava cheio e muitas pessoas se acotovelavam pra ver o merchandising perto da entrada, que incluía o recém lançado livro “Barbed Wired Kisses”, a biografia da banda que compartilha o título com uma coletânea da banda. Para a tristeza do nosso editor e símbolo sexual, Luciano Vítor, que me acompanhava nesse show, não haviam vinis ou CDs para venda, apenas camisetas e alguns impressos, além do já citado livro.

Não demorou muito para a banda entrar no palco e abrir o show com “Amputation”, faixa que abre “Damage and Joy”, o mais recente álbum da banda. A luz vinha por trás e via-se apenas e a silhueta dos integrantes da banda e os cabelos arrepiados de William Reid contra a luz.

O público já estava energizado e na sequência as clássicas “April Skies” e “Head On” só aumentaram a empolgação. O show seguiu dentro do esperado, seguindo praticamente o mesmo setlist do resto da turnê, um bom blend de clássicos e músicas do trabalho de 2017. Houve uma pequena surpresa quando emendaram “The Living End” e “Never Understand”, ambas do seminal álbum “Psychocandy”. Logo depois, logo após iniciarem “Halfway to Crazy”, a banda parou com um sonoro “FUCK” dito pelo vocalista Jim Reid e recomeçou quase que imediatamente, entre alguns risos do público.

A primeira parte do show encerrou-se com Jim, em um fortíssimo sotaque escocês, agradecendo ao público e anunciando o que seria a última música, “Reverence”. É claro que após acenarem e saírem do palco, seguiram-se alguns minutos de silêncio e haveria um bis. Não demorou muito para surgir entre os gritos do público pedindo bis a icônica introdução de bateria de “Just Like Honey”, o primeiro hit e talvez a música mais famosa da banda. Eles retornaram e o tape foi substituído pela bateria propriamente dita e um a um os instrumentos foram entrando. O público em êxtase, repetia o verso “just like honey” como se fosse um mantra.

Seguiram-se mais algumas músicas no bis e encerraram com “I Hate Rock n’ Roll”. Sob aplausos, a banda saiu do palco, terminando um show competente. Não foi histórico, mas não esperávamos isso. Queríamos apenas vê-los, ouví-los e, talvez, ficar um pouquinho mais surdos. Como muito bem definido pelo parceiro Eduardo Quagliato , foi um show “higiênico”.

Uma nota pessoal: Após o show, Luciano e eu vimos uma aglomeração numa das saídas na lateral da casa e resolvemos averiguar. Alguns poucos esperavam a banda sair, com vinis e cartazes na mão. Esperamos a banda sair, enquanto acompanhávamos o final das quartas de final da Copa América entre a seleção brasileira e a do Paraguai. A banda não tardou em sair e nosso botafoguense favorito acabou por ter seus discos assinados por Bill e Jim. E eu, que deixei meus discos em casa, me limitei a emprestar a minha caneta para que Bill assinasse um exemplar do livro de um rapaz que estava ao meu lado.

Publicado originalmente em https://underfloripa.com em 30 de junho de 2019.

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Alexandre Aimbiré
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Written by Alexandre Aimbiré

Literature Student. Weekend Sociologist. Father. Husband. I write in English and Portuguese about whatever I feel like, but mostly about Music and Literature.

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